Assemblage - Traços de Garibaldi Assemblage: Silvino Manica

A história de Silvino Manica inicia quando Arcângelo Daroit casa com Madalena De Maman e gera 3 filhos, em Villagio, na Itália. Uma filha do casal morreu na viagem ao Brasil. Ao chegar, se estabeleceram na Colônia Dona Isabel, atual Bento Gonçalves, precisamente na Linha Graciema. No Brasil eles tiveram 6 filhos, incluindo Joaquim, que nasceu em 1891, casou em 1914 com Maria Mezzacasa e geraram sete filhos, dentre eles Fiorentina, mãe de Silvino Manica. Mais tarde eles se mudaram para a Linha Tigrinho, em Nova Bréscia.

Os Manicas vieram da Itália em 1875, naturais da comunidade de Castellano, na Villa Lagarina - província de Trento. Na época, essa localidade pertencia ao Tirol, na Áustria. A partir de 1918 passou a pertencer a Itália. “Meu bisavô, Ferdinando, veio com documentos austríacos. Encaminhei a minha cidadania e não consegui justamente por causa desse impasse”, destaca.

Os Manicas se estabeleceram no lote 20 da Linha São Roque Figueira de Melo, na então Colônia Conde dEu - atual Garibaldi. Posteriormente, mudaram para a Linha Salvação, no município de Encantado.

Em Nova Bréscia, os pais de Manica, Alberto e Fiorentina, moraram na linha Sobra e, posteriormente, Linha Caçador, onde Silvino nasceu. “Fiquei lá até os 17 anos trabalhando na roça. O pai aumentava a enxadinha conforme a gente crescia. Era assim antigamente. Passávamos muita dificuldade e vi que não havia futuro para mim naquele local. Certo dia passou um mascate vendendo roupas e objetos. Ele morava há uns 10km da nossa casa, na Barra do Jacaré, em Encantado. Lá ele me ensinou a trabalhar como sapateiro, depois fez uma mala para mim, encheu de mercadorias e eu fui vender. No primeiro dia não vendi nenhum centavo e faltou um par de meias. No segundo dia eu fui em Linha Salvação, onde meus parentes moravam e lá vendi tudo o que tinha. Foi assim que começou” relata.

Depois de um ano como mascate, Silvino conseguiu juntar dinheiro para comprar uma máquina de costurar couro e alugar um porão em nova Bréscia. Durante o dia estudava e à noite trabalhava como sapateiro.

Aos 20 anos, alugou outro porão e montou sua primeira loja. Precisou parar os estudos, pois não havia condições de pagar. Conheceu sua primeira esposa, casou e teve dois filhos. Por um tempo foi taxista para poder incrementar a renda. “Com o passar do tempo, percebi que eu infeliz. Só que nessa altura eu já tinha dois filhos e eu jamais iria abandoná-los sem deixar eles bem. Comecei a rezar muito. Eu precisava ser feliz. Foi aí que na época eu ganhei na Loteria Esportiva. Com isso eu aumentei a casa e a loja. Na minha cabeça já estava tudo planejado. Eu deixei meus filhos bem, me separei e vim morar em Garibaldi”, diz.

Aos 36 anos, Silvino trouxe de volta suas raízes a Garibaldi, de onde seus antepassados saíram nas primeiras décadas do Século XX. “Eu gosto da nossa cultura italiana, por isso eu cresci logo aqui, mesmo sem dinheiro, já que deixei quase tudo que eu tinha conquistado em Nova Bréscia. Minha companheira e eu trabalhamos muito bem juntos. Viemos com o objetivo de crescer”, observa.

A sala comercial da Loja Manica foi adquirida com muito trabalho e alguns bons amigos. “Eu tinha um carro novo, dois telefones alugados e com 4 telefonemas eu consegui todo o dinheiro que eu precisava para pagar a sala”, conta.

Sobre a Exposição Assemblage - Traços de Garibaldi
Assemblage é um termo francês utilizado no mundo das artes e do vinho. Ele é usado para designar o conceito de “mistura” e “fusão”. Assim são os garibaldenses. Esse assemblage inicia em 1875, com a chegada dos imigrantes. 

Essa exposição se propõe despertar boas lembranças e reflexões sobre o quanto somos únicos e, ao mesmo tempo, partes do todo.

Contemplar nossa fisionomia é perceber o quanto somos únicos em nossa mistura de italianos, portugueses, franceses, suíços, germânicos, indígenas e africanos.

Assemblage - Traços de Garibaldi é financiada pela Lei federal Aldir Blanc, distribuído pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Prefeitura Municipal de Garibaldi.

Texto: Priscila Boeira 
Fotos: Ricardo Zeni Moreno