Assemblage - Traços de Garibaldi Assemblage: Wilson Sbeghen Ribeiro

Ribeiro e Sbeghen. Essa é a combinação que corre pelas veias do garibaldense Wilson Fernando, nascido em 1º de fevereiro de 1967. Esse assemblage iniciou quando o casal Candido Sbeghen e Maria Merlo chegou ao Brasil trazendo o pequeno Biaggio, de 1 ano de idade, em 1884. O sobrenome tem origem polonesa, no entanto, Biaggio nasceu em Volpago - província de Treviso, na Itália.

Também está no sangue suas origens portuguesas. Seu bisavô imigrou de Portugal e o pai de Wilson recordava que ele usava uma espécie de tamanca. “Meu Pai, Luiz S. Moura Ribeiro (in memoriam), gostava muito de esportes. No início dos anos 80, comprou uma das primeiras bicicletas Caloi 10 da cidade, adaptou um velocímetro e foi várias vezes campeão em competições.  No início dos anos 90, fundou com seu irmão, Nei, a Escolinha de Futsal Santo Antônio, do Bairro Champagne, onde, com orgulho, desempenhava a função de técnico nas 4 categorias existentes. A escolinha está em atividade até hoje”, recorda Wilson.

Wilson estudou nas Escola Estadual Carlos Gomes e Santo Antônio e concluiu o Segundo Grau no Instituto Irmã Teofânia. Cursou Ciências Econômicas, parte do curso de Direito e atuou no Banco do Brasil entre 1981 e 2017. Também foi tesoureiro da Associação dos Novos Esquiadores (1996). “Sempre me envolvi de alguma forma nas festividades da cidade”, afirma.

O motociclismo faz parte de sua vida. É fácil lembrar de Wilson vestido com roupas de couro, passeando com sua Harley Davidson. “Quando tinha 13 anos, meu vizinho comprou uma CG 125cc vermelha. Aquilo mexeu com a minha cabeça. Quando entrei no Banco do Brasil, programei a compra da minha primeira moto, financiada em 18 vezes. Depois vieram mais 11”, recorda.

Bairrista declarado, Wilson não se vê vivendo longe de Garibaldi. Ele guarda com carinho a lembrança da 1ª Fenachamp: “não havia muitos meios de divulgação fora rádio e TV. Então as pessoas estampavam a propaganda da festa nos próprios carros, com spray de tinta branca”, relata.

A família Sbeghen
Candido Sbeghen, Maria Merlo eBiaggio Sbeghen chegaram ao Brasil em 1884. Maria foi a segunda esposa de Cândido e madrasta do menino. O sobrenome tem origem polonesa, no entanto, Biaggio nasceu em Volpago - província de Treviso, na Itália. Esses se estabeleceram no Bairro Alfândega e, posteriormente, na Linha Vitória.

Biaggio se casou com Ester Lorenzon Sbeghen que deu à luz ao avô de Wilson, chamado Guilherme. Foi com o avô, Cândido, ex-combatente de guerra (provavelmente a franco-prussiana), que Guilherme aprendeu a falar um pouco de francês. Mais tarde, estudou no Instituto Champagnat, onde aprendeu latim, francês, grego e inglês.

Próximo aos 25 anos de idade, o avô de Wilson foi convidado a trabalhar no Banco Ítalo Francês Brasileiro. Mais tarde, atuou como gerente do Moinho da Linha Sete de Azevedo e Castro. Além disso, administrou o Hotel Orlandi e fundou uma engarrafadora de vinhos e aguardente de cana em parceria com seu irmão, Antônio.

Guilherme também foi ecônomo do Salão Rex Populi, gerenciando o restaurante; foi fabriqueiro, vereador pelo PSD e idealizou a abertura da rua Aurélio Bittencourt, onde residiu até seus últimos dias. Guilherme foi casado com Firmina Comunello, com quem teve 5 filhos.

 A família Ribeiro
O avô de Wilson se chamava Manuel, porém não há registros do nome de seu bisavô português. O pai de Wilson se chamava Luiz S.Moura, era um apreciador da vida saudável e dos esportes. Não bebia, não fumava e participava de maratonas na cidade e região, patrocinadas pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), aonde trabalhou por muitos anos.

“Lembro que na década de 70, eu o acompanhava até a Igreja Matriz de Garibaldi, onde ele subia até o topo, pela escada de fora, e amarrava um laço azul na mão direita da estátua da Nossa Senhora, como pagamento de promessa. Outros motivos de orgulho eram que, além de doador de sangue (havia poucos na época), em três situações diferentes, salvou a vida de pessoas. A primeira aconteceu numa partida de futebol, no campo do Juventude (bairro Juventude, em Garibaldi), quando um jogador estava se engasgando com uma bolada que havia levado no estômago. Como ele havia aprendido primeiros socorros, conseguiu rapidamente reanimar o jogador. A segunda vez foi no parque Santa Mônica(atualParque da Fenachamp), quando alguns jovens estavam passeando de caico e, propositadamente, um deles virou aquele pequeno barco, não sabendo que duas moças não sabiam nadar. Meu pai nadou rapidamente e as resgatou com bóias que pegou emprestado dos banhistas, não deixando de xingar aquela turminha de inconsequentes depois”, relata Wilson.

A terceira vez foi em 1988, quando, voltando de Bento de Gonçalves, num domingo de manhã, ele socorreu uma família de Santos (SP), que havia se acidentado na Rota 470, nas proximidades da empresa Chandon, levando-os para o hospital. Na época, não havia policia rodoviária próxima. A amizade com essa família perdura até hoje.

O lema de senhor Luiz frente as dificuldades era “aguenta no osso do peito.” Por sua vez, Wilson se identifica com a frase “que nunca seja tarde para reverter uma situação, pois se não podemos fazer um novo início, podemos mudar o final.”


Sobre a Exposição Assemblage - Traços de Garibaldi

Assemblage é um termo francês utilizado no mundo das artes e do vinho. Ele é usado para designar o conceito de “mistura” e “fusão”. Assim são os garibaldenses. Esse assemblage inicia em 1875, com a chegada dos imigrantes. 

Essa exposição se propõe despertar boas lembranças e reflexões sobre o quanto somos únicos e, ao mesmo tempo, partes do todo.

Contemplar nossa fisionomia é perceber o quanto somos únicos em nossa mistura de italianos, portugueses, franceses, suíços, germânicos, indígenas e africanos.

Assemblage - Traços de Garibaldi é financiada pela Lei federal Aldir Blanc, distribuído pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Prefeitura Municipal de Garibaldi.

Texto: Priscila Boeira 
Fotos: Ricardo Zeni Moreno